Conexão x Abusos
Vídeo: Mulheres Vídeo em homenagem às Mulheres de todas as cores, profissões, condições sociais...
Conectar-se é estar ligada(o), ao outro, a vida, a um momento, ao um grupo...e tudo o que nos associa, conecta. Essas conexões podem ser prazerosas ou não.
Caso seja tóxica, cabe a nós identificá-la e adquirir forças para sair dela, aprendendo com isso. Sempre faça as seguintes perguntas:
O que me fez ligar à aquilo que mata?
Aonde está o meu comprometimento nisso?
O que foi que eu não escutei que vinha do outro?
Perguntas importantes se quisermos nos conhecer melhor. Não há errado nisso, há apenas trabalho com a gente mesmo. Muitas vezes o outro fala e atua o seu lado tóxico, mas estamos tão envolvidos, que negamos o ruim e absorvemos apenas o que nos parece bom.
O negacionismo sempre está presente por parte daquele que quer que dê certo, custe o que custar.

Nome: A mão. Quando as pessoas ao seu redor não são leves, tende encontrar pouco com elas e quando encontrar esteja protegido.
A Troca
Então, aonde você estiver tente se comunicar, nada melhor do que estabelecer uma troca, pois você ganha energia e o outro também.
Na imagem acima o astronauta esta saíndo do funil como se fugindo de uma mão que tenta alcancá-lo. Nesse caso é diferente, ele foge do que lhe é hostil . Quanto mais você se conhece, mais identifica aquilo que não te serve. Por isso é tão importante buscar a consciência de si mesmo. Aquele dizer: conheça-te a si mesmo e conhecerá o Universo e os Deuses. É verdade!
A espiritualidade não está ligada a ser católica, evangélica, espírita...muitas pessoas que seguem alguma religião, seita, ordem, vão pelo lado mais fácil, a referência está fora dele mesmo, mas em Deus, "Deus sabe o que faz", "Deus é meu salvador". Qualquer pessoa pode se enganar a fazer escolhas erradas, mas depois de algum tempo, não importa quantos anos precise, ninguém foge do seu auto trabalho.
Se ver em todos os momentos de sua vida e entender as causas para aquela ou outra atitude. Refletir algum tempo e chegar na ação mudando o que é preciso. Isso é espiritualidade. Isso é se tornar consciente, presente em sua vida.
Se você ainda se culpa, por aquela ou outra atitude, você precisa se compreender para poder mudar, não é passar uma borracha por cima, isso você sempre fez, mas compreender a raiz desses erros e mudar isso, mudando sua atitude. Só assim estará livre desse ou de outros sentimentos, que roubam sua confiança e auto estima.
Vídeo: O observador. Vídeo que mostra que todos nós somos um, estamos todos interligados pela consciência. O que acontece com um
sentimos como se fosse com todos nós.
A dúvida
Juntos somos um só...Isso é de grande verdade. Quando estamos divididos, nos sentimos fracos, a energia se esvae, além do cansaço que vem, pois aonde vamos, não estamos inteiros.
Isso é muito delicado, pois é nessa hora que as coisas ruins acontecem. Como não estamos focados, pois na divisão isso não ocorre, podemos deixar a porta aberta para os desastres, adoecimentos, acontecimentos desagradáveis e inesperados. É na dúvida que a gente envelhece.
Como fechamos essa porta? Uma forma de amenizar isso é ir resolvendo as coisas menos importantes primeiro e depois as maiores. Resolvido? Não pode voltar atrás, caso isso ocorra, atenção, cuidado para a dúvida não retornar. Você quer mesmo resolver?
Nome:Esconderijo. Você só não pode esconder de si mesma, quando a realidade se manifesta por abusos. O negacionismo já matou muita gente. Saia disso, enquanto há tempo.
Limites/Ultrapassagem
Nos relacionamentos amorosos a quebra de limites quase sempre se evidência. Por isso a grande importância de nos conhecermos melhor, para sabermos aonde podemos ultrapassar os limites e aonde não.
Para isso, você tem que si conhecer, quando tudo é novo, você tem que saber que até mesmo você pode ultrapssar os seus limites, por não si conhecer ainda.
Fazer limonada no jantar todos os dias, porque o outro gosta, pode ser o de menos, mas ser obrigada a tomar também, isso pode ultrapassar seus limites.
Deixar de correr para andar com o outro, pode ser tranquilo, mas deixar de correr e o outro nem andar e ainda ele querer que vocês faça o mesmo, pode ser demais.
Deixar de visitar um parente, quando o outro não gosta, pode ser excesso, então vá sozinha, mas o outro(companheiro) tem que saber que você pôs limites.
Você tem que saber que estar com o outro não é virar metade para se encaixar na metade do outro. Isso é Karma, dois que se relacionam pela metade. Uma relação madura, cada um é cada um, com as suas semelhanças e diferenças. Se as diferenças não aparecerem, na relação de dois, pode ter certeza que é mais uma relação onde o abuso acontece. Esse tipo de coisas tem inúmeras maneiras de se apresentar, as vezes o abusado sabe desse fato, mas aceita e quer ser abusado. Então,é mais uma relação de sádico/masoquista,
evidênciando a importância vital de você se conhecer.

Nome: Medo. O medo é uma forma de domínio do próprio mal. Ele serve para manipular, dominar e influenciar. Então, cuidado.
Abusos
Em todas as relações podem acontecer algum tipo de abuso.É sempre bom estarmos alinhados com a realidade, com os fatos e deixar os óculos cor de casa em alguma gaveta, esquecido para sempre. Não é o negacionismo, que vai proteger você do mal, mas vai levar você direto para ele.
Quando se é criança e vê a vida pelo prisma da felicidade, tudo é ótimo, tudo é cor de rosa. Mas depois de alguns anos, já somos maduros. Então cresça.
Se você está em uma relação, onde não se sente segura, tenta agradar o tempo todo e mesmo assim o outro ainda reclama de você. Sempre você é a culpada, o outro não se implica na relação. Ele nunca erra, por que errar é se implicar. Essa relação mata por que é tóxica, ele nunca estará contente, você sempre ficará devendo algo. É um buraco sem fundo.
Além disso, ele vai colocar culpa em você por apanhar, por fazê-lo ficar bravo, por fazer tudo errado, você é a geradora de todo mal. Não reaja, assim apenas vai piorar, só tenha a consciência de como ele é...Não pare por aí, continue a observar que o outro é totalmente diferente de tudo que gostaria, especialmente pelas mentiras, egoísmos, violência e enganos que ferem. Isso é, começar a abrir os olhos. É um processo que dói, mas é a única forma de você sair do sofrimento e crescer.

Nome: Sofrendo em silêncio. Não se isole, procure ajuda.Quando se sofre sozinha, tudo fica maior e intransponível.
Não espere piorar para tomar alguma atitude.
Planeje os seu próximos passos e seja rápida.
As decisões precisam ser tomadas antes que seja tarde.
Separe dinheiro, retire e guarde em um lugar que ele não ache.
Resolva para que lugar você vai, combine com a pessoa que vai te receber e fale da urgência que você tem. Da necessidade de sigilo.
No dia que você sabe que ele vai sair, contrate um taxi.
Arrume uma mala, não se esqueça de colocar curriculo, certificados, dipliomas.
roupas práticas, as que não precisam de passar.
Aguarde o momento certo, para agir.
Antes de sair, deixe que ele veja você de pijama e se arrumando para dormir.
Quando ele sair, troque de roupa e chame o taxi. Pegue tudo o que você separou, não se esqueça do dinheiro e boa sorte, você fez a escolha certa, pela vida.

Nome: Cabeça cheia. Divida o seu sofrimento, para ter outras referências e assim buscar outros caminhos.
Em alerta
Não será fácil, mas melhor é se afastar dele e dar mais uma nova chance a você.
Para ele você já deu 70 chances 7 vezes, chega! Agora é você!
Durante muito tempo ele ainda vai passar pela sua cabeça, mas isso é normal. Nesse período se lembre sempre de todos os abusos que você passou, isso serve para reforçar sua decisão.
Tome todas providências judiciais necessárias para mantê-lo afastado de você.
Se você tem uma religião peça proteção.
Reze, medite, tente ficar calma, você está renascendo...tenha paciência.
Quando ficar mais forte, procure um emprego que te agrade, se possível perto de sua casa.
Não abaixe a guarda.
Esteja atenta, alerta. Durante, pelo menos três anos esteja de prontidão. Você não pode relaxar totalmente, há ainda preocupação.

Nome: Adaptando. Pode ser difícil no começo, mas com o tempo tudo fica mais fácil.
Maturidade
Agora, uma coisa que considero muito importante é você não parar de se implicar nos acontecimentos, onde você é artista principal. Desculpas, justificativas não vão te ajudar, seja presente. Dói, por que você não quer se ver, já sofreu tanto...Mas para você não cometer novos erros, você há de se ver em cada momento, o seu jogo, suas mentiras ou enganos.
Para você sair dessa frequência que te levou a entrar nesse relacionamento, você tem que ver suas contradições, seus medos. suas mentiras (quando você tenta ser para o outro, aquilo que você pensa que ele quer que você seja). Isso também é enganar você mesma.
Veja todos os momentos que ele te avisou de como era e você fingiu para si mesma que ele falava brincando, ele é muito brincalhão você dizia...Será que prefere não se conhecer e continuar assim? Além disso, você estará crescendo espiritualmente. Não tem saída, faça a opção de evoluir, ou você vai morrer por dentro primeiro e depois fora.

Nome: Labirinto. Na solidão tente ordenar os pensamentos. As vezes, você se sente em um labirinto, onde não se acha a saída. Saiba que ela existe, continue, não pare, logo verá uma sáida.
Solidão
Não tenha medo da solidão, ela fez você refletir e isso é uma cachaça. Saber viver sozinha, isso é crescimento.
Ao mesmo tempo é muito bom você se relacionar, ter seus amigos. Quem sabe um futuro namorado. Esteja atenta no que ele te fala e tentar ver o outro no que ele te diz. Caso ele diga algo que não goste, converse educadamente e coloque suas opiniões. Seja você, caso sinta que ele quer te mudar, reconsidere, veja se essa pessoa é de fato aquela que quer.
Não espere você entrar em outro labirinto, saia fora, você já sabe o caminho de casa.
Não se transforme em uma mulher queixosa. Há muita coisa para fazer, volte a estudar, lembre-se que quem faz você é você. E você é merecedora.
Acredito que depois de sua bem sucedida fuga, você deva procurar acolhimento terapêutico ou outro tipo de ajuda que preferir, isso é muito bom, pois quanto mais você verbaliza, mais se vê e se conhece e assim seu processo de elaboração das perdas, caminha mais rápido. Você ter alguém, que você sente que é a seu favor, se importa, te escuta, faz você refletir, falar de si mesmo, confiar, isso não tem preço.

Nome: Tormento. As tempestas virão, mas saiba que depois dela vem sempre a bonanza.
Prisões
Para esclarecer, abuso não é só físico, há o mental. Tudo o que ele fala para te diminuir te colocar pra baixo é para você achar que ele é o único homem que irá te amar, mesmo você sendo tão cheia de defeitos. Esse jogo é frequente, assim você fica mais presa."Ele é grosseiro, mas me ama"você dizia isso.
Amor é outra coisa. Leia sobre isso, tente adquirir conhecimento, assim terá mais elementos para julgar o que vive. Muitas vezes ele te ataca dizendo que você não sabe transar tem muitos bloqueios, nenhum homem aguentaria isso, não o contra diga, escute e fique calada. Isso é abuso mental, mais uma forma de destruição. Você não cozinha bem, não administra bem a casa, não anda arrumada, não intende nada...
Nunca diga a ele que você conhece o jogo dele, não o desmascare. Se você fizer isso, ele poderá tomar decisões ligadas ao ódio, pois ele se sentirá diminuído por você ter sacado a dele e aí estará em maus lenções. Seja burra, até decidir o que fazer.

Nome: Até nunca mais...Deixe cair aquilo que te impede de ser feliz. A sensação de liberdade acalentará sua alma.
Deixe cair
Não é uma relação amorosa, mas uma relação de desamor. De todas as formas possíveis ele tenta te deixar mal consigo mesma, assim você se desconsidera e a cada dia mais presa você está do seu carrasco.Porém, agora você entende, que ele nunca vai melhorar, apesar de tantas promessa na hora de voltar a relação. Não há mais o que perdoar, por isso salve você mesma. Deixe-o cair
Sempre haverá pessoas contra você por ter se separado. O mundo é machista, pelo menos o Brasil, esse tipo de atitude, alguns anos atrás era considerado "em defesa da honra". E por ela o homem poderia matar sua companheira e sair livre, pois ele alegava que havia matado em defesa de sua honra. Um horror! E para somar, temos ainda muitas mulheres machista, aquelas que o homem tem sempre razão e a mulher está sempre errada. Então, não espere compreensão de todos.
O mais importante é que você a cada dia está se conhecendo, compreendendo essa relação abusiva e a sua participação nela. Você aprendeu a se implicar, pois sabe que as justificativas não aliviam o seu comprometimento. Você focou em você mesma, os erros do outro são do outro, não te dizem respeito. E quando você se vê, sabe o que trabalhar.
Então?
Tirando o suco bom do suco ruim. Você está crescendo...
Nome: Alívio. É vida que se segue. Enfrente o amanhã com a esperança no coração. Você tem uma grande aprendizagem.
Aprendizagem
Seja você mesma
Saiba se defender sem ser contra o outro
Veja o outro do jeito que é e não do jeito que você gostaria
Escute tudo o que o outro diz
Não faça promessas
Não faça com o outro aquilo que não gostaria que fizesse com você.
Seja clara no momento que impõe limites, mas não seja autoritária
Perceba as intenções do outro e saiba as suas
Não minta nem pro outro nem para você, só use dessa ferramenta
quando for para resolver sua vida, no caso de ter que fugir
Não ultrapasse seus limites
Estude tudo muito bem, antes de tomar decisões
Não pare de estudar, conhecimento é muito importante
Antes de resolver, peça ajuda veja outros pontos de vista
Não deixe de se cuidar, fisicamente e psicologicamente
Em alguns casos você está vivendo uma guerra, o seu ganho é reaver
você mesma.

Nome: Beleza interior. Descubra-se.
Renascimento
Começar de novo e só contar comigo,
vai valer a pena ter amanhecido...Ivan Lins
Embora o seu coração ainda esteja dormente, foram muitas emoções, dores, você teve que fugir para viver. Isso ainda dói. Você não pode desanimar, comece a estudar pela internet, veja filmes de mulheres que sofreram abusos, mas conseguiram revirar essa situação.
Reze, muito, nesse momento nossa fé é maior, mais intensa, mesmo por que estamos sós. Isso é um desafio, a prova final, um teste para ver se somos a favor da vida. Medite, reflita sobre seus erros e se transforme, trabalhe a sua carência.
Eu digo isso por que algumas clientes que sofreram algo semelhante, ficaram carentes, a ponto de chegar a incomodar. Então, não se torne uma pessoa que cobra o tempo todo do outro. Esse caminho não te leva a lugar algum.
Vitimização é uma atitude de quem não se implica, ou seja ainda não cresceu, ainda está na frágil adolescência.
No pain no gain...Sem dor sem ganho. Eu acredito que nem sempre isso vai ser assim. Depois de algum tempo, você estando atenta a si mesma e trabalhando o que precisa, você vai começar a crescer no prazer. O próprio crescimento será seu gozo. Não vai precisar acontecer alguma coisa ruim, para você transformar o que é preciso em você. Depois do seu renascimento, você será uma mulher de confiança e respeito. Além disso
sem ódios no coração.

Nome: Amanhecer. Um mundo de novas oportunidades que se abrem e florescem no seu dia a dia. Aproveite.
MORANDO FORA DO BRASIL
Um desafio a mais e dos grandes, sendo que dependendo do lugar é maior ainda.
Há muitos relatos sobre esse assunto, mas de resumo de tudo lido é que aprendemos sempre algo importante. E essa aprendizagem é d'alma.
Saber funcionar em outro país, comprar, trabalhar, estudar, relacionar, já é uma capacidade de se abrir para o novo é adaptação e por Piaget é evolução.
Gostaria de pedir a todos que passam por aqui e moram fora do Brasil pra que dêm seus depoimentos, via e-mails e eu passo para cá, no blog. Seria muito rica essa colaboração, os participantes podem escrever sobre o que desejarem, mas que seja interessante e que contribua para informar aos que pensam em morar fora.
As experiencias de cada um servindo de ensinamentos para aqueles que desejam fazer o mesmo. Isso além de interessante é também instrutivo e educativo.
Aqueles que estão morando fora, já saíram do Brasil sabendo que teriam que se adaptar a outra cultura, outros costumes, outros horizontes. Isso inclui se adaptar desde o que comer até onde morar.
Para aqueles que querem participar desse blog dando o seu depoimento meu e-mail é:
Obrigada!

Depoimento de Sarah Mosmar
Eu estou vivendo na Inglaterra há 3 meses. Ainda está difícil minha adptação, eu tenho dificultade em lidar com a frieza das pessoas daqui. É muito raro estabelecer alguma interação, cada um fechado em seu mundo só respondendo monossilabicamente as perfuntas que faço.
Outra dificuldade é a lingua, me sinto criticada toda vez que erro alguma pronúncia ou quando me engano na construção de frases. Acho que viver em outro país é de fato um grande desafio.
Essa forma de relacionar com o outro de forma mais distante, eu acho importante incorporar, o mundo dos negócios é ainda masculino, profissional, por isso mesmo mais frio. Eu estou tentando aprender tudo que me possa servir para trabalhar nesse mundo do mercado financeiro. Não procede dar beijinho, nesse mundo tão mental.
Isso de alguma forma está me fazendo bem, pois aprendi a cozinhar e sou muito mais organizada do que quando morava no Brasil. Aqui é tudo por sua conta.Então, tenho que fazer de tudo, além de ter que estudar muito.
Outra coisa que eu aprendi a respeitar morando fora é quando o sinal da rua está fechado e não tem ninguém na rua eles não furam o sinal. Nunca. Eu acho isso tão civilizado.
A segurança é um fator muito importante para poder viver bem aqui. Eu posso correr de madrugada sem problemas, aqui não tenho medo de ladrões.
Há fatores muito positivos em morar no exterior, mas há fatores que considero desafiantes.
Espero que daqui a alguns meses, eu tenha mais coisa boas do que ruins, mesmo acreditando que todo lugar é assim, há sempre coisas boas e outras que nem tanto.

Nome: Partitura
Depoimento de Amanda, escritora de "Cronica do dia"com o pseudônimo de Alfonsina Salomão.
Uma amiga pediu que eu escrevesse sobre as vantagens e desvantagens de morar fora do Brasil. Moro na França há vinte anos.
Sem dúvidas, o que considero como vantajoso ou desvantajoso mudou ao longo dos anos. Mas vou topar o exercício.
Quando me mudei, as vantagens eram múltiplas. De um ponto de vista bastante pessoal, me dei conta de que vivia melhor com minha mãe à distância.
Tínhamos uma relação muito amorosa, e por isso mesmo me doía vê-la desesperançosa da vida, sem conseguir ajudá-la. Aquilo apertava meu peito.
Fisicamente longe, eu sentia que comunicávamos melhor, eu me sentia mais perto dela, sem a barreira da angústia para nos afastar.
Conversávamos pelo telefone todos os dias, numa época onde ainda não havia Skype ou Whasapp. Hoje minha mãezinha não está mais neste plano...
e meu maior consolo foi ter podido passar um ano ao seu lado no Brasil, num parênteses da minha vida em Paris, quando ela vivia plenamente a doença.
Outra coisa que me afligia quando morava no Brasil, era a miséria das pessoas que moravam na rua. Era dolorido para mim ser confrontada todos os dias
à minha impotência face ao modo de vida que estas pessoas levavam, inclusive crianças, dormindo no chão duro, sujeitas a todos os tipos de violência,
reduzidas à mendicância, ao desprezo e ao preconceito da sociedade. Foi um alívio viver em um país de primeiro mundo, como dizíamos na época,
onde o sofrimento dos outros não era tão evidente. Esta dita vantagem também evoluiu, porque infelizmente o numero de pessoas sem abrigo,
como chamamos aqueles que não têm onde morar aqui, aumentou bastante. Franceses, imigrantes, refugiados, homens, mulheres, idosos, crianças...
a paleta de seres humanos em situação de vulnerabilidade aumentou bastante em Paris, ao menos aos meus olhos.
Num curto trajeto de casa até o trabalho, por exemplo, somos abordados por várias pessoas em diferentes situações pedindo empatia e ajuda financeira.
Isto me leva a outro ponto do qual me dei conta alguns anos após minha chegada: ser branca e privilegiada num país tão desigual como o Brasil era de
certa forma insuportável para mim. Aqui sou uma cidadã de classe média como todos os outros, que lava as próprias roupas, faz a própria comida e cria os
filhos sem a ajuda de babás. Eu gostava de poder fazer massagens regularmente e ter minha roupa passada sem esforços na casa dos meus pais? Sim, claro.
Mas a consciência de que as pessoas não eram devidamente remuneradas por estes serviços tirava em grande parte meu prazer.
Ainda prefiro ser imigrante num país cada vez mais xenófobo do quê rica num país extremamente desigual. Cada um com seus complexos...
Comecei falando coisas bastante íntimas e das quais me dei conta ao longo dos anos, mas posso também citar vantagens que já são conhecidas de todos:
escola publica de qualidade, sistema de saúde que funciona, transporte coletivo eficiente, etc. Ah, outra vantagem é poder assistir a shows de cantoras e
cantores brasileiros conhecidos em salas pequenas. Estar na primeira fila de um ambiente aconchegante e curtir Mateus Aleluia, Moreno Veloso,
Marina Senna, Nação Zumbi... para citar apenas alguns concertos que assisti recentemente, não tem preço.
E as desvantagens... a falta de sol, o céu eternamente cinza, ao ponto de que minha filha se espantou, aos dois anos, quando, ensinando-lhe as cores,
eu disse “o céu é azul”. Lembro que ela me corrigiu: não mamãe, o céu é branco. Os ratos... têm muitos ratos em Paris. O legendário mal humor dos
parisienses, com o qual acabei me acostumando, apesar de resistir para não me tornar assim e não deixar que meus filhos fiquem como eles.
“Você está parecendo uma francesinha”, digo para minha filha sem muito tato e de modo politicamente incorreto quando ela começa a resmungar.
Os apartamentos caros e pequenos, a falta de abraço e contato físico, o fato de me sentir em representação quando vou buscar meus filhos na escola
ou converso com os vizinhos, aplicando as formulas de educação no falar e no gesticular. Mas esta sou eu, tenho amigos que fizeram menos esforços
de adaptação e talvez sejam mais felizes. “Me adaptei demais”, foi o que pensei depois de uns dez anos por aqui. O problema é que dar marcha a ré não é
tão simples. Mas sigo tentando e acho que até com certo sucesso. Ultimamente uso brincos de penas e roupas coloridas, me rebelei contra a ditadura
do guarda-roupa chique, cinza e preto das parisienses.
Assumir ser esquisita é libertador mas também causa certa solidão. A solidão do imigrante se sente onde quer que ele esteja. No Brasil, me sinto pouco
espontânea, distante demais, intelectual demais... aqui sou a louca que ri forte, grita com os filhos no meio da rua, os enche de beijos na frente dos outros,
canta e até dança quando caminha sozinha... Entre estes dois espaços vou me procurando, buscando assumir quem realmente sou, se é que isso existe,
um eu nosso real. Somos espelhos uns dos outros e distintos em função da situação e do interlocutor. Por isso mesmo, quando somos estrangeiros,
desenvolvemos uma capacidade de adaptação aguçada. Viver entre dois mundos requer manejo, obriga a abrir os olhos para novas perspectivas e formas
de entender o mundo. Enriquece. Talvez seja esta a maior vantagem de se morar fora, a que me faz, por hora, continuar aqui.

Depoimento de: Élida Graziane Pinto
A passagem do tempo ensina o distanciamento. Os dias não são individualmente decisivos. Eles se somam a algo mais: parecem ingredientes que se dissolvem na massa. Os que pesam se diluem junto aos outros. Os que encantam marcam docemente um punhado de dias, sem excesso ou escassez. É uma diluição suave.
A paciência é o segredo da vida, sempre digo para minhas filhas. Isso tem sido mais um mantra que me educa do que um segredo compartilhado ao pé do ouvido com as crianças.É, de certa forma, reconfortante aprender a suportar noites insones e esperar pelo curso ordinário dos dias. Tenho aprendido a deixar que as coisas fluam sem a pretensão de controlá-las. Não tem sido fácil, ansiosa que sou. Mas já é uma pequena revolução tranquilizadora admitir que, se não há nada que possa ser feito diante de algo, o melhor é não preocupar. Caetano cantava que nada é para já...
Sem tanta urgência e tanta batalha onde guerrear, a vida é planta que cresce discreta e paulatinamente. É mudança sutil, ao invés de guinada brusca. Aos 45 anos de idade, sou fruto mesclado de experiências: alguns momentos de culminância e outros de reinvenção diante de estágios de dor, perda e estagnação. Fruto mesclado é síntese bonita... Sinto-me mesmo miscigenada construção.
Lá fora percebo o que é existir em meio a outros quase 8 bilhões de sujeitos afetivos como eu. Talvez essa tenha sido a maior lição de morar no exterior por cerca de um ano: a humildade de saber que se é apenas um a mais em meio a bilhões de outros iguais a nós.
Certa vez ouvi que o tempo de ninguém é mais precioso do que o de outrem. Essa lição é mesmo tão necessária quanto dura. O desencantamento com qualquer ingênua e arrogante distinção liberta. Filas em parques temáticos também. Crianças devem crescer entediadas e sem telas, assim como adultos devem suportar o peso da rotina para que, cada qual a seu modo, todos possam se reinventar.
Às vezes me sinto crisálida. Quase não quero contato externo. Há tanta revolução interna em mim. Carrego uma mente grávida com ideias agitadas que chutam meu humor revolucionário. Um corpo preguiçoso pede rede e mirada despretensiosa por qualquer folhagem: os verdes mistérios mudam de estação, crescem, se retraem, mudam de cor, desfolham e se renovam lá fora e aqui dentro.
Quase não tenho vontade de coisas grandes ou diferentes. Quero o pouco, o diário, o comum, o docemente repetitivo. Todavia a desigualdade me dói. Nela reside um senso de urgência que conflita com o resto. Sinto-me uma contradição. Anseio colher paz doméstica e disputa de ideias contra a injustiça no raio possível da teorização do mundo.
O sonho realizado de um estágio pós-doutoral nos EUA revela um pouco essa mescla angustiada. Tensões e calmarias são canalizadas em estudos que envolvem gestação complexa, quase impossível de chegar a bom termo. A dor é parte do processo e aprendi a conviver com sua presença tão recorrente.
Dizem que uma teoria diferente é como querer parar trem em movimento, coisa de gente pouco inteligente. Mas e se o trem nos leva ao extremo da desigualdade e da degradação ambiental? Não me convenço da inevitabilidade das teses de Estado pequeno e mercado ilimitado. Por outro lado, suspeito que temos um desafio intergeracional no questionamento desse aparente problema insolúvel. Ninguém sozinho tem pernas para algo tão grande.
Às vezes acho que as pessoas se prostram diante do difícil porque lhes parece impossível. O equilíbrio entre humilde compreensão da empreitada coletiva e resiliente compromisso em fazer o pouco que nos cabe é o que neutraliza um tão difícil mal-estar. A desigualdade dói, desaloja a alma. Não consigo dormir sem pensar em como posso trazê-la para minha esfera de responsabilidade curta e direta. A desigualdade colonizou meu debate orçamentário e tudo o que vejo é por ela filtrado.
Fronteiras geopolíticas são ficção. Todos temos necessidades básicas semelhantes e a desigualdade é quase a mesma no Brasil e nos EUA. O conflito distributivoé um só: os que concentram renda no topo de forma opaca pagam proporcionalmente menos tributos, enquanto são bem remunerados na dívida pública. Para todos os demais, é imposta como se fosse inevitável uma perda de direitos por serem supostamente muito onerosos e não caberem no orçamento público. Esse é o trem que dizem ser impossível parar.
A dívida é pública, mas seu manejo não necessariamente o é. Escrever sobre isso não é fácil. Quase me deixo paralisar pela dificuldade. Sei que não estou à altura do desafio. Porém a humildade me reconforta, porque me permito ser aprendiz da grande arte da tradução. Precisarei aceitar que é processo de depuração. Não tenho compromisso rápido com qualquer resultado.
O fluxo da aprendizagem é o que me interessa. Quando a expectativa não é grande, a pressão também se reduz. Escrever sobre o difícil em termos simples é o que me mobilizou desde o início.
Voltei ao Brasil mais consciente e isso já é um passo. Gerir a ansiedade é outro passo. Como um bebê ainda cambaleante na sua experimentação autônoma, andar e cair são o mesmo exercício. É esse o legado do haver saído: encontrei-me melhor comigo mesma. Lá fora não é nada muito diferente do diálogo que travo aqui dentro. Mas somente o sei agora, porque me distanciei.

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